Ela achava que daria conta de
suportar os encontros casuais, as reuniões entre amigos, enfim, tudo que lhe
levasse à sua presença... Mas ela não consegue. Não agora. Não nesse momento.
(Muito menos depois do último “encontro”)
É intensamente difícil estar perto
e ter que evitar, ainda mais quando o que ela realmente quer é se jogar nos
braços dele... Ela tem que reprimir tudo enquanto o desejo lhe consome, só para
deixar transparecer no seu sorriso que é uma pessoa bem-resolvida, quando na
verdade, se despedaça por dentro. E isso não é saudável.
Ela não pode mais continuar
fingindo que está tudo bem porque não está. Sente vergonha de mentir pra si
mesma ao disfarçar seus sentimentos perto dele. Sentimentos que ele sabe que
existem... Sentimentos que ele não quis... Sentimentos que ela já deveria ter
extirpado de seu peito depois daquela conversa... Mas não, eles continuam lá,
do mesmo jeito e ela não sabe por quê. Pode ser pelo fato de que seu coração é
meio idiota e gosta mesmo é de sofrer... Quem sabe, no fundo, ela ainda
alimente alguma esperança... Ou simplesmente porque não há como fazer isso
sumir de um dia para outro, ainda mais se encontrando com tanta freqüência
assim...
E ele age da mesma forma, talvez
até mesmo na tentativa de não lhe deixar constrangida, comporta-se como um
cavalheiro, continua sendo aquela pessoa maravilhosa, tão especial, atencioso,
carinhoso, encantável e até mais apaixonável, se é que isso é possível... Segue
lhe despertando vontades... Então, tudo aquilo que deveria ter sido resolvido
naquela conversa, se torna novamente um enigma para ela... E o ciclo vicioso
vai se afastando do fim...
Ela fantasia demais, tem uma
imaginação que lhe prega peças o tempo todo e é por isso que precisa sair desse
ciclo. Só que para tal, terá que se afastar dele (com lágrimas nos olhos e uma
dor imensa por dentro), pois quanto mais lhe conhece, mais gosta dele, em todos
os sentidos e principalmente como pessoa, visto que foi seu bom coração que já
lhe atraiu logo de cara.
Ela necessita de um tempo sem ele
por perto, pelo menos até conseguir tirar do coração o que não sai da sua
cabeça... Tirar do seu pensamento o que insiste em permanecer no seu coração...
Quer o alívio de poder estar na doce presença dele sem se sentir assim, presa
nas lembranças, sufocada pelos seus anseios que disparam como um gatilho ao
vê-lo e, então, poder, sem receio, apreciar com serenidade a sua companhia.